sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

POEMAS


Tivemos a flor e o exílio da dor
Tivemos a arapuca e no bosque o sol
Elementares silêncios tomaram conta de nós
Fendas de onde saíram o raio e o trovão

Tivemos áureas esperanças sem tempo de esperar
Tivemos campos de trigais e na mesa nenhum pão
Da rocha eterna fizemos o açúcar e o sal
Do mar ensandecido, fizemos nossa cama e o nosso lar

Tivemos um livro aberto e um poema para não esquecer
Tivemos a música azul ecoando no infinito do céu
Algumas paredes antigas e uma janela no entardecer
Na calçada do destino deixamos as dúvidas morrer

Tivemos o fruto maduro da cor dos sonhos e o prazer
Tivemos um rosário etéreo na hora intima de amar
Tivemos tanto de tudo que nada serviu para sonhar
Tudo foi sedimento de um fogo sanguíneo e voraz

Temos o que não se escreve nem se explica
Uma imensidão feita de ventos e um eterno despertar

Flavio Pettinichi- Brasil
Foto de Carla Freire

1 comentário:

flaviopettinichiarte disse...

muito obrigado por ter escolhido esse poema..é todda uma honra !!
Flavio Pettinichi

Namastê