Tivemos a flor e o exílio da dor
Tivemos a arapuca e no bosque o sol
Elementares silêncios tomaram conta de nós
Fendas de onde saíram o raio e o trovão
Tivemos áureas esperanças sem tempo de esperar
Tivemos campos de trigais e na mesa nenhum pão
Da rocha eterna fizemos o açúcar e o sal
Do mar ensandecido, fizemos nossa cama e o nosso lar
Tivemos um livro aberto e um poema para não esquecer
Tivemos a música azul ecoando no infinito do céu
Algumas paredes antigas e uma janela no entardecer
Na calçada do destino deixamos as dúvidas morrer
Tivemos o fruto maduro da cor dos sonhos e o prazer
Tivemos um rosário etéreo na hora intima de amar
Tivemos tanto de tudo que nada serviu para sonhar
Tudo foi sedimento de um fogo sanguíneo e voraz
Temos o que não se escreve nem se explica
Uma imensidão feita de ventos e um eterno despertar
Flavio Pettinichi- Brasil
Foto de Carla Freire
1 comentário:
muito obrigado por ter escolhido esse poema..é todda uma honra !!
Flavio Pettinichi
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