quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Fernando Nobre: "Sonho um dia ter no passaporte apenas terrestre"


Fernando Nobre, fundador e presidente da AMI, fez um testamento antes do tempo. Diz que agora já pode morrer
Doutorado em medicina, nascido em Angola há 58 anos, de uma mistura de sangue português, holandês, francês, brasileiro e cabinda, é um cidadão do mundo que, em 1985, veio para Portugal, onde nunca tinha vivido, erguer uma associação humanitária. "Comi o pão que o diabo amassou. Quando alguém vem com uma visão diferente, imediatamente lhe colam projectos pessoais e ambições políticas". Agora, pensa que todos já entenderam que não era essa a ideia. E acabou de lançar o seu sexto livro, "Humanidade - Despertar para a Cidadania Global Solidária". Começámos a falar sobre esta obra, mas a conversa alargou-se...

Quando fala em humanidade, fala do conjunto dos seres, da natureza humana ou da benevolência, da compaixão? Para mim é um todo. Quando falo de humanidade... é o resultado de toda uma dança que me leva já 31 anos de experiência de vida em mais de 160 países, em mais de 70 missões humanitárias. Tem que ver com os impactos que tive que enfrentar com as guerras, com as fomes, as indiferenças, as exclusões, as alterações climáticas, com terramotos, com vulcões... É essa humanidade que eu vejo em perigo... Na primeira parte do livro, estão os novos 12 trabalhos de Hércules, as grandes ameaças e desafios que a humanidade tem pela frente e que me preocupam. Não me imobilizam, mas deixam-me bastante inquieto, devo dizer. Mas acabo o livro pela vertente positiva, com as esperanças. E para demonstrar que não pus isto como um ovo, estruturei o livro em duas partes. A primeira é toda escrita de novo, a segunda é composta por anexos que demonstram que há coisas que eu escrevi há mais de dez anos. Achei que tinha chegado o momento de estruturar, à minha maneira e com as minhas limitações, um pensamento filosófico, metafísico e também político, que é uma evolução do meu caminhar. Entendi que tinha chegado o momento de marcar os mais de 30 anos da minha acção humanitária, os 25 anos da AMI (Associação Médica Internacional). Como digo à minha mulher, agora posso morrer, já posso partir, porque o que eu direi daqui para a frente será mais do mesmo, é como chover no molhado.
Leia a entrevista completa em:
http://aeiou.expresso.pt/fernando-nobre-sonho-um-dia-ter-no-passaporte-apenas-terrestre=f552295

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