Visão
Archidy Picado Filho/João Pessoa/Paraíba/Brasil
Vivo no mais que perfeito presente
Que empurra a gente pra frente,
A de repente sentir-se passado
Como o pasto a passar no gado
Dentro da gente!
Olho o mundo onde tudo está vivo e morto,
Como o velho absorto em pensamentos serenos
A pensar em quão foi bom ter passado pela vida
Sem grandes tormentos.
E a moça em seu vestido de agosto
Tão esvoaçante quanto seu rosto deslumbrante
Desenhado evaporando em nuvens, distante,
Não sabe como está morto o avarento
E seu intento de querer ter tudo só para si, e só.
No fim – e agora é hora – também não restarão
Pensamentos ruins ou querubins,
E tudo será como antes, como é agora,
Em tempos próximos e distantes,
Sem demora.
Somos produtos de passados-presentes
A imaginar futuros-ausentes.
Foto de Carla Freire
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