sábado, 31 de outubro de 2009

A CIÊNCIA DOS BICHOS…



A CIÊNCIA DOS BICHOS…


Um fio fiado infindo
tecido por passarinho
é trama de seda pura
é forro pra qualquer ninho
mas tem quem faça o casulo
para guardar seu tesouro
usando longos gravetos
como o casaca-de-couro.

O beija-flor avoante
vestido de preto e verde
de um espinho a outro
tece e pendura a rede
e com todo seu fulgor
para no ar junto a flor
e a beija matando a sede.

Uma aranha caneluda
numa coroa-de-frade
avisa com suas cores
que seu veneno é quem arde
e cruza com simetria
uma rede de poesia
pra dormir no fim da tarde.

Um bicho se faz de doido
saindo de uma jurema
pra cima de quem invade
o raio de sua estrema
c’o pé do ouvido zunindo
desaba quem vai bulindo
com ninho de seriema.

Esperando pela chuva
um cururu sossegado
bem ali no pé do pote
fica bem acocorado
e se alguém lhe cutuca
incha o papo e logo estufa
ficando todo aleitado.

Isso é somente o começo
o resto vem a capricho
pois tenho muito respeito
nesse assunto que espicho
sendo mais que consciente
que pra me entender de gente
preciso entender de bicho.

Poema de: Marco di Aurélio
João Pessoa/Brasil

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